O trabalhador do século XXI
O trabalhador do século XXI
O final do século XX traz a Revolução do Conhecimento e, com
ela, novas exigências pessoais e profissionais. Estamos vendo um mundo novo,
como jamais visto antes, em que a produtividade atinge patamares incríveis. Nos
países desenvolvidos, em oitenta anos as horas dedicadas ao trabalho diminuíram
quase pela metade (de 3 mil horas por ano para 1.600) ao mesmo tempo que a
produtividade era multiplicada por 50.
Nos dias de hoje, busca-se menos produtividade e mais
competitividade, menos informação e mais conhecimento, menos treinamento e mais
educação. Disso tiramos as principais características do trabalhador do século
XXI, cuja lista, referendada pela Unesco, coincide com as necessidades da
educação para este século.
Essas qualidades podem ser resumidas em oito palavras, que
nos empurram para uma profunda reflexão sobre nós mesmos: flexibilidade,
criatividade, informação, comunicação, responsabilidade, empreendedorismo,
sociabilização, tecnologia.
Flexibilidade
Ser flexível, em vez de especialista demais, é uma qualidade.
Isso não significa que especializações não sejam importantes, mas o desejado é
que as pessoas tenham capacidade de agir de acordo com as situações que se
apresentam, atendendo às necessidades do mercado e moldando sua conduta com o
objetivo de aumentar a competência. Flexibilidade significa capacidade de
adaptação após a percepção das mudanças existentes ou das mudanças a ser
propostas. A flexibilidade adaptativa, que permite que as pessoas mudem de área
de atuação com naturalidade ou que as empresas mudem os portfólios de acordo
com as demandas do mercado, é uma das principais vantagens competitivas
modernas.
Criatividade
A preocupação não deve ser armazenar grande quantidade de
informação, pois ela está fartamente disponível nos meios de comunicação e
principalmente na internet. O diferencial desejável é a capacidade de processar
e utilizar as informações de forma original e inovadora. É nesse sentido que a
criatividade transforma-se em um recurso moderno. Pessoas criativas inventam e
reinventam, e assim ajudam a mover o mundo e conseguem se manter na crista das
ondas.
Informação
A criatividade pode suprir a falta de informação, mas ainda
assim é necessário aumentar permanentemente nossa base de dados a respeito do
que está acontecendo no mundo, em nossa área de atuação e em outras áreas
também em virtude da profunda transversalidade dos fenômenos modernos — tudo
está ligado a tudo! A velocidade dos avanços em todas as áreas do conhecimento
exige educação continuada. Atualizar-se e reciclar-se constantemente compõe o
cenário do chamado desenvolvimento humano.
Comunicação
A aquisição de habilidades na comunicação e no relacionamento
interpessoal é imprescindível para a qualidade do atendimento ao cliente e para
a integração de grupos de trabalho. São dois aspectos que pertencem à cartilha
de sobrevivência de todos os profissionais e de todas as empresas. Entender o
mercado e se fazer entender por ele é vital, pois as organizações humanas,
comerciais ou não, foram criadas para atender às necessidades da coletividade.
Comunicar-se adequadamente com os pares, dentro das organizações, integra uma
ciência nova e relevante, que é a da gestão do conhecimento.
Responsabilidade
No novo mundo do trabalho as pessoas são mais responsáveis
por suas ações e exercem com mais freqüência e intensidade papéis de liderança.
Estão desaparecendo cargos e funções estanques e surgindo postos de trabalho
destinados ao cumprimento de tarefas em que a responsabilidade de seu executor
é cada vez mais cobrada. Ser responsável é responder por seus atos e, com
alguma freqüência, pelos atos de outras pessoas pelas quais somos responsáveis.
Empreendedorismo
Não é mais suficiente cumprir ordens e realizar bem sua
tarefa. O mercado busca pessoas capazes de agregar valor ao trabalho através de
ousadia, criatividade e inovação, atributos do empreendedor. Empreendedorismo
não é uma qualidade exclusiva dos empresários, embora eles certamente a
possuam, caso contrário não seriam o que são. Qualquer pessoa, em qualquer
atividade, pode empreender uma ação que vise otimizar, melhorar, agilizar,
favorecer, qualificar ou qualquer outro verbo ligado à idéia de criar um mundo
melhor.
Sociabilização
Entender as diferenças culturais é uma necessidade no mundo
de hoje, que exige flexibilidade cultural para que se possa interagir
globalmente. Cada pessoa deve estar impregnada da capacidade de compreender,
respeitar e conectar-se com diferenças culturais e de percepção dos fatos da
vida. Isso não se refere apenas a diferenças entre países, mas também, e
principalmente, entre pessoas. Saber conviver com idiossincrasias pode ser a
diferença entre o sucesso e o fracasso de uma empreitada da qual participam
várias pessoas, o que é mais comum no mundo moderno, em que o artesão
praticamente desapareceu para dar lugar à equipe.
Tecnologia
É fundamental adquirir intimidade com as novas tecnologias
independentemente da idade que se tenha, do nível cultural e da condição social
do indivíduo. Qualquer pessoa que esteja no mercado de trabalho deve dispor-se
a aceitar e a conviver com as tecnologias emergentes, em especial a
informática, e a internet em
particular. A tecnologia só substituirá o homem que não
aprender a conviver com ela. Se o convívio for saudável, a tecnologia
funcionará como um agregado importante na construção da competência pessoal e
organizacional.
Autor: Eugenio Mussak - Eugênio Mussak é professor desde
1971, diretor da Sapiens – empresa de consultoria educacional e de seminários
baseados em suas teorias sobre Desenvolvimento Integral do Ser Humano. É autor
do livro Metacompetência, lançado pela Editora Gente.
Publicado em 13/9/2006
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