DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
1. INTRODUÇÃO
É de grande importância para o
desenvolvimento cognitivo-intelectual do
individuo o período da adolescência como
sendo o estágio das operações formais caracterizadas por Piaget. Os diversos
tipos de conhecimentos são desenvolvidos no momento
em que o adolescente está refletindo e amadurecendo as suas opiniões.
O aprendizado é um processo
gradativo no qual o adolescente se capacita seguindo uma seqüência lógica isso
se dá a partir de estruturas organizadas
que norteiam o desenvolvimento humano,
que se baseiam no processo de acomodação e assimilação, que leva o indivíduo a
um equilíbrio final, ou seja, ele consegue
alcançar um padrão intelectual
que persistirá durante a vida
adulta, mas isso não quer dizer que suas funções cognitivas estarão estagnadas.
A teoria piagetiana oferece
condições para se compreender o desenvolvimento cognitivo do adolescente a
partir de uma visão biologicista e nesse sentido oferece contribuições para se
pensar a educação nessa perspectiva. Salienta-se que uma teoria precisa ser
apropriada para ser submetida a um crivo crítico e passa a ser imprescindível o
conhecimento de suas bases teóricas para se conhecer seus limites e assim se
pensar nas possibilidades de sua superação.
Observa-se que a educação tem
sofrido várias transformações e isso
coloca o adolescente, a escola e a família diante de novos desafios da aprendizagem e cabe aos educadores e
familiares buscarem um aprimoramento para manter-se atualizado diante dessas
alterações ocorridas na adolescência. O educador aprende com suas experiências
diárias e assim consegue ajudar o adolescente a evoluir.
Segundo a teoria de Piaget o
principal objetivo é mostrar como o indivíduo evolui. A teoria do
desenvolvimento mental é baseada na interação do organismo com o meio, e isso
acontece graças a um processo interno de organização e um processo externo de adaptação.
As estruturas mentais são todas construídas, ao longo do desenvolvimento do
indivíduo, neste momento ele interage com o meio utilizando-se dos processos de
acomodação e assimilação. A acomodação leva o organismo a adaptar-se, para
sobreviver, a realidade, e a assimilação tende a fazer a realidade adaptar-se
as necessidades do organismo. "O
ato de assimilação é o fato primeiro, q engloba em um todo a necessidade
funcional, a repetição e esta coordenação entre o sujeito e o objeto q anuncia
a implicação e o julgamento".(Batto, 1978, pág.35).
No período das operações formais o
adolescente é capaz de tirar conclusões de puras hipóteses, ocorre a passagem
do pensamento formal, abstrato, isto é, o adolescente realiza as operações no plano de idéias, sem necessitar de
referencias concretas.
Nas relações sociais, o
adolescente passa por um processo de
caracterização por um fase de interiorização, que pode até no princípio ser
identificado como anti-social. Ele se afasta da família, não aceita conselhos
dos adultos, na realidade, o ponto chave de sua reflexão é a sociedade. Depois
ele atinge o equilíbrio entre pensamento e realidade, quando compreende a
importância da reflexão para sua ação sobre o mundo real.
No período da afetividade, o
adolescente vive conflitos. Deseja livrar-se do adulto, mas ainda depende dele.
Ele deseja se aceito pelos amigos e esses determinam as palavras, as
vestimentas e outros aspectos do seu comportamento. Nesse período ele começa a
estabelecer sua moral individual, que é referencial a moral do grupo.
2. ADOLESCENCIA
Segundo
o dicionário Aurélio (1986), adolescência é:
"O
período da vida humana que sucede à infância, começa com a puberdade, e se
caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estende-se
aproximadamente dos 12 aos 20 anos). Período que se estende da terceira
infância até a idade adulta, marcado por intensos processos conflituosos e
persistentes esforços de auto-afirmação. Corresponde à fase de absorção dos
valores sociais e elaboração de projetos que impliquem plena integração
social".
A adolescência é caracterizada pela
fase que vem depois da infância e antes da juventude. Inicia essa fase começa
por volta dos doze anos e termina por volta dos dezoito. De forma exagerada o
individuo manifesta seus gostos e preferências durante esse período. A busca intensa
de si mesmo e da sua própria identidade é característica dessa fase cheia de
questionamentos, tudo se questiona , tudo se critica em busca de uma liberdade
e de uma auto-afirmação. As mudanças ocorrem numa quantidade maior que as
verificadas em muitos anos da infância
ou da fase adulta. É natural que essas mudanças provoquem dúvidas, incertezas e
inquietações. Assim como é natural que todo ser humano necessite de um tempo
para assimilar tais mudanças. Para (Dinah Martins, 1987, pág.28) "A
caracterização da adolescência não constitui tarefa muito fácil, porque aos
fatores biológicos específicos, atuantes na faixa etária, se somam as
determinantes sócio-culturais, advindas do ambiente onde o fenômeno da
adolescência ocorre".
A natureza dessas mudanças e desses
processos conflituosos é estudada profundamente pela Psicanálise. Uma das
referências imprescindíveis sobre a adolescência é a da psicanalista argentina
Arminda Aberastury (1988). Ela afirma que a adolescência constitui-se em uma
"etapa decisiva de um processo de desprendimento" (p.15). Essa época
da vida caracteriza-se, segundo ela, por ser "um período de contradições,
confuso, ambivalente, doloroso, caracterizado por fricções com o meio
familiar" (p.16). Tais apontamentos permitem delinear, de maneira mais
clara, os limites desses processos conflituosos que definem a adolescência.
Maurício Knobel (1992) diz que
"o problema da adolescência deve ser tomado como um processo universal de
troca, de desprendimento, mas que será influenciado por conotações externas
peculiares de cada cultura, que o favorecerão ou dificultarão, segundo as
circunstâncias"(p.26). O desprendimento, ou, dito de outra forma, o
rompimento dos vínculos infantis, é um processo necessário e inevitável rumo à
vida adulta saudável. Ele pode, porém, dar-se de forma tranqüila ou muito
tumultuada, como qualquer desprendimento. Pode ser acompanhado de muita dor ou
de muito prazer.
A adolescência é uma fase típica do
desenvolvimento do jovem no ambiente familiar, na cultura que participa e na
sociedade vigente, entretanto, a adolescência, alem de fatores biológicos é
influenciada pelo ambiente familiar, cultural e social.
A sociedade cria todo um universo
de regras, leis, costumes, tradicoes e práticas, visando perpetuar os valores
comumente aceitos e enfrentar os problemas experimentados por todos os membros.
Todas essas formas socialmente padronizadas de comportamento constituem a
cultura da sociedade. (MARTINS,1987, pags.28 e 29)
A adolescência é caracterizada por
aspectos biológicos, o desenvolvimento do esqueleto, a mudança de estatura, o
aparecimento de pelos faciais e pubianos, o crescimento acelerado dos órgãos
sexuais no meninos e o desenvolvimento do busto nas meninas, a puberdade ou
maturidade sexual, são indícios dessa fase.
A adolescência é marcada pelo
abandono das características infantis e é regada por crises e contradições. O
conflito de gerações é intenso nesse período pois os pais esperam dos filhos
atitudes responsáveis , mas não sabem lidar com as inquietações dos filhos em relação
a vida sexual.
A adolescência é a idade da certeza. Os adolescente não
desconfiam de suas idéias e opiniões. Acreditam piamente naquilo que seus pensamentos
lhes dizem. Daí. a conclusão lógica de
que todos os que tem idéias diferentes das suas só podem estar errados.
Explica-se, assim, a sua dificuldade em lidar com opiniões discordantes. 'Sei
muito bem o que estou fazendo'; essa é a resposta padrão que eles usam para se
destacar de uma advertência sobre um curso problemático de ação. (ALVES. Sobre
o tempo e a eternidade, pag. 34).
3. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO PIAGET
Os períodos do desenvolvimento é caracterizado por aquilo
de melhor que o indivíduo consegue fazer nas faixas etárias, como:
sensório-motor, pré-operatório, operações concretas, e por último, que vai
nortear o desenvolvimento deste trabalho, as operações formais.
Piaget divide os períodos do
desenvolvimento de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento
e isso interfere o desenvolvimento global. Ele afirmava que as mudanças na
maneira como os adolescentes pensam sobre si mesmos, sobre seus relacionamentos
pessoais e sobre a natureza da sua sociedade tem como fonte comum o
desenvolvimento de uma nova estrutura lógica que ele titulava de operações
formais. Todos os indivíduos passam por todos esses estágios ou períodos, nessa
seqüência, mas o início e o termino de cada uma delas dependem das características
biológicas do ser humano e de fatores educacionais e sociais.
Piaget assegurava que as mudanças na maneira como os adolescentes
raciocinam sobre si mesmos, sobre seus relacionamentos pessoais e sobre o
caráter da sua sociedade tem como fonte
comum o desenvolvimento de uma nova estrutura lógica que ele chamava de operações
formais. O estágio das operações formais, ocorre dos doze anos em diante, neste
período acontece o amadurecimento das características da vida adulta, onde o atributo mais geral do pensamento
operatório formal é o reconhecimento de que a realidade é nada mais que um
conjunto de possibilidades.
Para Piaget o pensamento formal é
uma orientação generalizada, explicita ou implícita, para solução de problemas:
uma orientação no sentido de organizar os dados, isolar e controlar variáveis,
formular hipóteses e justificar e provar logicamente os fatos.
Grande
parte da diferença existente entre o comportamento diário da criança e do
adolescente pode ser expressa da seguinte maneira: o adolescente, como a
criança vive no presente, mas ao contrário da criança também vive muito na
dimensão ausente, isto é no futuro e o no reino do hipotético. Seu mundo
conceitual está povoado de teorias informais sobre si mesmo e sobre a vida,
cheio de planos para o seu futuro e o da sociedade, em resumo, cheio de idéias
que transcendem a situação imediata, as relações interpessoais atuais.
4.
PÉRIODO OPERATÓRIO FORMAL
Esse período é caracterizado por uma dependência cada vez menor de objetos
e fantasias para considerar problemas e situações. O adolescente desenvolve a habilidade de formular conteúdos
puramente abstratos, como elevados conceitos matemáticos e filosóficos, assim
como a habilidade de aprender como aplicar as informações gerais necessárias a adaptação
e as informações específicas necessárias para um ocupação.
Na visão piagetiana, a transição
de um período a outro necessariamente provoca um desequilíbrio temporário que,
posteriormente, dá lugar a uma forma superior de raciocínio. Desta maneira, no
início de cada nova etapa, verifica-se uma predominância da assimilação sobre a
acomodação - o indivíduo incorpora a
realidade as estruturas que já possui. Pouco a pouco, através de um processo
gradual, as estruturas internas tornam-se adequadas a realidade, atingindo,
assim um equilíbrio maior. (RAPPAPORT, 1981, pag.69)
Os
jovens manifestam uma maneira mais flexível de manipular informação, podemos
perceber que nesse período o pensamento lógico das operações formais abstratas.
Nesse período observa-se o amadurecimento do pensamento formal ou
hipotético-dedutivo. Durante a adolescência o pensamento formal é expandido,
pois o adolescente, diferentemente da criança, é um indivíduo que reflete fora
do presente e elabora teorias sobre todas as coisas, comprazendo-se sobretudo
nas considerações intempestivas.
Nesse período observamos que o
adolescente levanta teorias e reflete sobre seu próprio pensamento, o
pensamento formal, que forma uma reflexão da inteligência sobre si mesma, um
sistema operatório de segunda potência, que opera com teorias.
O
adolescente sofre influencias neurológicas e ambientais se combinando para
causar a maturidade cognitiva, é neste momento que os adolescentes podem
aplicar a nova capacidade para considerar e testar possibilidades a todo tipo
de problema, eles podem desenvolver uma hipótese e conceder um experimento para
testá-la. Eles, também, consideram todos os relacionamentos que pode imaginar e
passam por cada um deles, para eliminar o falso e chegar ao verdadeiro. O
adolescente que não consegue desenvolver estes conhecimentos, na perspectiva da
teoria de Piaget, não se estruturou, não desenvolveu seus conhecimentos nos
outros períodos do desenvolvimento. A dificuldade no aspecto cognitivo se dá
muitas vezes, pelo histórico do adolescente.
Conclui-se
que o adolescente pretende inserir-se na sociedade dos adultos por meio de
projetos, de programas de vida, de sistemas muitas vezes teóricos, de planos de
reformas políticas ou sociais. Portanto, a verdadeira adaptação a sociedade
vai-se fazer automaticamente quando o adolescente, passa de reformador a
realizador.
6.
CONCLUSÃO
O
estudo dos trabalhos desenvolvidos por Piaget nos permitem conhecer a forma
como este teórico concebe o desenvolvimento mental do adolescente e como suas
pesquisas a cerca da gênese do conhecimento pode permitir ao professor um
repensar em sua prática na busca de uma prática que conceba o sujeito como
capaz de construir conhecimento a partir de sua inteligência, ação e interação
com o meio.
A teoria piagetiana permite uma compreensão biológica
e psicológica da evolução mental do adolescente, pois é importante conhecer
como o
organismo do sujeito reage ao
receber uma informação nova do meio e ao tentar organizar essa informação em
sua estrutura cognitiva. É importante saber também como essas informações
tornam-se conhecimentos por meio da ação do sujeito na busca de adaptar-se ao
ambiente. Conclui-se, então, que
este trabalho constitui-se de uma síntese do pensamento piagetiano, pois é um
pensamento um tanto complexo, mas coerente e rico, no sentido de oferecer
informações acerca do desenvolvimento cognitivo que são imprescindíveis àqueles
que desejam fazer de seus
aprendizes sujeitos autônomos e capazes de construírem conhecimentos e não de
reproduzirem o que outros fizeram.
REFERÊNCIAS
PIAGET,
Jean, 1896 - 1980. Epistemologia
genética/ Jean Piaget; tradução de Álvaro Cabral; revisão da tradução
Wilson Roberto Vaccari - Sao Paulo: Martins Fontes, 2002.
PIAGET,
Jean. Psicologia da inteligência./
Jean Piaget; tradução de Nathanael C. Caixeiro - Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
RAPPAPORT,
Clara Regina. Psicologia do
desenvolvimento / Clara Regina Rappaport; coordenadora Clara Regina
Rappaport. - São Paulo:EUP, 1981 - 1982
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