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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


DESENVOLVIMENTO  COGNITIVO

1. INTRODUÇÃO                                                                                                             
            É de grande importância para o desenvolvimento cognitivo-intelectual  do individuo o período da adolescência  como sendo o estágio das operações formais caracterizadas por Piaget. Os diversos tipos de conhecimentos  são  desenvolvidos no  momento  em que o adolescente está refletindo e amadurecendo as suas opiniões.
            O aprendizado é um processo gradativo no qual o adolescente se capacita seguindo uma seqüência lógica isso se  dá a partir de estruturas organizadas que norteiam  o desenvolvimento humano, que se baseiam no processo de acomodação e assimilação, que leva o indivíduo a um equilíbrio final, ou seja, ele consegue  alcançar um padrão intelectual  que persistirá  durante a vida adulta, mas isso não quer dizer que suas funções cognitivas  estarão estagnadas.
            A teoria piagetiana oferece condições para se compreender o desenvolvimento cognitivo do adolescente a partir de uma visão biologicista e nesse sentido oferece contribuições para se pensar a educação nessa perspectiva. Salienta-se que uma teoria precisa ser apropriada para ser submetida a um crivo crítico e passa a ser imprescindível o conhecimento de suas bases teóricas para se conhecer seus limites e assim se pensar nas possibilidades de sua superação.
            Observa-se que a educação tem sofrido várias transformações  e isso coloca o adolescente, a escola e a família  diante de novos desafios  da aprendizagem e cabe aos educadores e familiares buscarem um aprimoramento para manter-se atualizado diante dessas alterações ocorridas na adolescência. O educador aprende com suas experiências diárias e assim consegue ajudar o adolescente a evoluir.
            Segundo a teoria de Piaget o principal objetivo é mostrar como o indivíduo evolui. A teoria do desenvolvimento mental é baseada na interação do organismo com o meio, e isso acontece graças a um processo interno de organização e um processo externo de adaptação. As estruturas mentais são todas construídas, ao longo do desenvolvimento do indivíduo, neste momento ele interage com o meio utilizando-se dos processos de acomodação e assimilação. A acomodação leva o organismo a adaptar-se, para sobreviver, a realidade, e a assimilação tende a fazer a realidade adaptar-se as necessidades  do organismo. "O ato de assimilação é o fato primeiro, q engloba em um todo a necessidade funcional, a repetição e esta coordenação entre o sujeito e o objeto q anuncia a implicação e o julgamento".(Batto, 1978, pág.35).
            No período das operações formais o adolescente é capaz de tirar conclusões de puras hipóteses, ocorre a passagem do pensamento formal, abstrato, isto é, o adolescente realiza as operações  no plano de idéias, sem necessitar de referencias concretas.
            Nas relações sociais, o adolescente  passa por um processo de caracterização por um fase de interiorização, que pode até no princípio ser identificado como anti-social. Ele se afasta da família, não aceita conselhos dos adultos, na realidade, o ponto chave de sua reflexão é a sociedade. Depois ele atinge o equilíbrio entre pensamento e realidade, quando compreende a importância da reflexão para sua ação sobre o mundo real.
            No período da afetividade, o adolescente vive conflitos. Deseja livrar-se do adulto, mas ainda depende dele. Ele deseja se aceito pelos amigos e esses determinam as palavras, as vestimentas e outros aspectos do seu comportamento. Nesse período ele começa a estabelecer sua moral individual, que é referencial a moral do grupo.

2. ADOLESCENCIA 

Segundo o dicionário Aurélio (1986), adolescência é:
"O período da vida humana que sucede à infância, começa com a puberdade, e se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estende-se aproximadamente dos 12 aos 20 anos). Período que se estende da terceira infância até a idade adulta, marcado por intensos processos conflituosos e persistentes esforços de auto-afirmação. Corresponde à fase de absorção dos valores sociais e elaboração de projetos que impliquem plena integração social".
            A adolescência é caracterizada pela fase que vem depois da infância e antes da juventude. Inicia essa fase começa por volta dos doze anos e termina por volta dos dezoito. De forma exagerada o individuo manifesta seus gostos e preferências durante esse período. A busca intensa de si mesmo e da sua própria identidade é característica dessa fase cheia de questionamentos, tudo se questiona , tudo se critica em busca de uma liberdade e de uma auto-afirmação. As mudanças ocorrem numa quantidade maior que as verificadas em muitos anos  da infância ou da fase adulta. É natural que essas mudanças provoquem dúvidas, incertezas e inquietações. Assim como é natural que todo ser humano necessite de um tempo para assimilar tais mudanças. Para (Dinah Martins, 1987, pág.28) "A caracterização da adolescência não constitui tarefa muito fácil, porque aos fatores biológicos específicos, atuantes na faixa etária, se somam as determinantes sócio-culturais, advindas do ambiente onde o fenômeno da adolescência ocorre".
            A natureza dessas mudanças e desses processos conflituosos é estudada profundamente pela Psicanálise. Uma das referências imprescindíveis sobre a adolescência é a da psicanalista argentina Arminda Aberastury (1988). Ela afirma que a adolescência constitui-se em uma "etapa decisiva de um processo de desprendimento" (p.15). Essa época da vida caracteriza-se, segundo ela, por ser "um período de contradições, confuso, ambivalente, doloroso, caracterizado por fricções com o meio familiar" (p.16). Tais apontamentos permitem delinear, de maneira mais clara, os limites desses processos conflituosos que definem a adolescência.
            Maurício Knobel (1992) diz que "o problema da adolescência deve ser tomado como um processo universal de troca, de desprendimento, mas que será influenciado por conotações externas peculiares de cada cultura, que o favorecerão ou dificultarão, segundo as circunstâncias"(p.26). O desprendimento, ou, dito de outra forma, o rompimento dos vínculos infantis, é um processo necessário e inevitável rumo à vida adulta saudável. Ele pode, porém, dar-se de forma tranqüila ou muito tumultuada, como qualquer desprendimento. Pode ser acompanhado de muita dor ou de muito prazer.
            A adolescência é uma fase típica do desenvolvimento do jovem no ambiente familiar, na cultura que participa e na sociedade vigente, entretanto, a adolescência, alem de fatores biológicos é influenciada pelo ambiente familiar, cultural e social.
               A sociedade cria todo um universo de regras, leis, costumes, tradicoes e práticas, visando perpetuar os valores comumente aceitos e enfrentar os problemas experimentados por todos os membros. Todas essas formas socialmente padronizadas de comportamento constituem a cultura da sociedade. (MARTINS,1987, pags.28 e 29)
            A adolescência é caracterizada por aspectos biológicos, o desenvolvimento do esqueleto, a mudança de estatura, o aparecimento de pelos faciais e pubianos, o crescimento acelerado dos órgãos sexuais no meninos e o desenvolvimento do busto nas meninas, a puberdade ou maturidade sexual, são indícios dessa fase.
            A adolescência é marcada pelo abandono das características infantis e é regada por crises e contradições. O conflito de gerações é intenso nesse período pois os pais esperam dos filhos atitudes responsáveis , mas não sabem lidar com as inquietações dos filhos em relação a vida sexual.
               A adolescência  é a idade da certeza. Os adolescente não desconfiam de suas idéias e opiniões. Acreditam piamente naquilo que seus pensamentos lhes dizem. Daí. a conclusão  lógica de que todos os que tem idéias diferentes das suas só podem estar errados. Explica-se, assim, a sua dificuldade em lidar com opiniões discordantes. 'Sei muito bem o que estou fazendo'; essa é a resposta padrão que eles usam para se destacar de uma advertência sobre um curso problemático de ação. (ALVES. Sobre o tempo e a eternidade, pag. 34).

3.   DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO PIAGET

            Os períodos  do desenvolvimento é caracterizado por aquilo de melhor que o indivíduo consegue fazer nas faixas etárias, como: sensório-motor, pré-operatório, operações concretas, e por último, que vai nortear o desenvolvimento deste trabalho, as operações formais.
            Piaget divide os períodos do desenvolvimento de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento e isso interfere o desenvolvimento global. Ele afirmava que as mudanças na maneira como os adolescentes pensam sobre si mesmos, sobre seus relacionamentos pessoais e sobre a natureza da sua sociedade tem como fonte comum o desenvolvimento de uma nova estrutura lógica que ele titulava de operações formais. Todos os indivíduos passam por todos esses estágios ou períodos, nessa seqüência, mas o início e o termino de cada uma delas dependem das características biológicas do ser humano e de fatores educacionais e sociais.
            Piaget assegurava que as  mudanças na maneira como os adolescentes raciocinam sobre si mesmos, sobre seus relacionamentos pessoais e sobre o caráter da sua sociedade tem  como fonte comum o desenvolvimento de uma nova estrutura lógica que ele chamava de operações formais. O estágio das operações formais, ocorre dos doze anos em diante, neste período acontece o amadurecimento das características da vida adulta,  onde o atributo mais geral do pensamento operatório formal é o reconhecimento de que a realidade é nada mais que um conjunto de possibilidades.
            Para Piaget o pensamento formal é uma orientação generalizada, explicita ou implícita, para solução de problemas: uma orientação no sentido de organizar os dados, isolar e controlar variáveis, formular hipóteses e justificar e provar logicamente os fatos.
            Grande parte da diferença existente entre o comportamento diário da criança e do adolescente pode ser expressa da seguinte maneira: o adolescente, como a criança vive no presente, mas ao contrário da criança também vive muito na dimensão ausente, isto é no futuro e o no reino do hipotético. Seu mundo conceitual está povoado de teorias informais sobre si mesmo e sobre a vida, cheio de planos para o seu futuro e o da sociedade, em resumo, cheio de idéias que transcendem a situação imediata, as relações interpessoais atuais.


4. PÉRIODO OPERATÓRIO FORMAL


Esse período é caracterizado  por uma dependência cada vez menor de objetos e fantasias para considerar problemas e situações. O adolescente  desenvolve a habilidade de formular conteúdos puramente abstratos, como elevados conceitos matemáticos e filosóficos, assim como a habilidade de aprender como aplicar as informações gerais necessárias a adaptação e as informações específicas necessárias para um ocupação.

               Na visão piagetiana, a transição de um período a outro necessariamente provoca um desequilíbrio temporário que, posteriormente, dá lugar a uma forma superior de raciocínio. Desta maneira, no início de cada nova etapa, verifica-se uma predominância da assimilação sobre a acomodação -  o indivíduo incorpora a realidade as estruturas que já possui. Pouco a pouco, através de um processo gradual, as estruturas internas tornam-se adequadas a realidade, atingindo, assim um equilíbrio maior. (RAPPAPORT, 1981, pag.69)
            Os jovens manifestam uma maneira mais flexível de manipular informação, podemos perceber que nesse período o pensamento lógico das operações formais abstratas. Nesse período observa-se o amadurecimento do pensamento formal ou hipotético-dedutivo. Durante a adolescência o pensamento formal é expandido, pois o adolescente, diferentemente da criança, é um indivíduo que reflete fora do presente e elabora teorias sobre todas as coisas, comprazendo-se sobretudo nas considerações intempestivas.
Nesse período observamos que o adolescente levanta teorias e reflete sobre seu próprio pensamento, o pensamento formal, que forma uma reflexão da inteligência sobre si mesma, um sistema operatório de segunda potência, que opera com teorias.
            O adolescente sofre influencias neurológicas e ambientais se combinando para causar a maturidade cognitiva, é neste momento que os adolescentes podem aplicar a nova capacidade para considerar e testar possibilidades a todo tipo de problema, eles podem desenvolver uma hipótese e conceder um experimento para testá-la. Eles, também, consideram todos os relacionamentos que pode imaginar e passam por cada um deles, para eliminar o falso e chegar ao verdadeiro. O adolescente que não consegue desenvolver estes conhecimentos, na perspectiva da teoria de Piaget, não se estruturou, não desenvolveu seus conhecimentos nos outros períodos do desenvolvimento. A dificuldade no aspecto cognitivo se dá muitas vezes, pelo histórico do adolescente.
            Conclui-se que o adolescente pretende inserir-se na sociedade dos adultos por meio de projetos, de programas de vida, de sistemas muitas vezes teóricos, de planos de reformas políticas ou sociais. Portanto, a verdadeira adaptação a sociedade vai-se fazer automaticamente quando o adolescente, passa de reformador a realizador.





6. CONCLUSÃO


            O estudo dos trabalhos desenvolvidos por Piaget nos permitem conhecer a forma como este teórico concebe o desenvolvimento mental do adolescente e como suas pesquisas a cerca da gênese do conhecimento pode permitir ao professor um repensar em sua prática na busca de uma prática que conceba o sujeito como capaz de construir conhecimento a partir de sua inteligência, ação e interação com o meio.
 A teoria piagetiana permite uma compreensão biológica e psicológica da evolução mental do adolescente, pois é importante conhecer como o
organismo do sujeito reage ao receber uma informação nova do meio e ao tentar organizar essa informação em sua estrutura cognitiva. É importante saber também como essas informações tornam-se conhecimentos por meio da ação do sujeito na busca de adaptar-se ao
ambiente. Conclui-se, então, que este trabalho constitui-se de uma síntese do pensamento piagetiano, pois é um pensamento um tanto complexo, mas coerente e rico, no sentido de oferecer informações acerca do desenvolvimento cognitivo que são imprescindíveis àqueles
que desejam fazer de seus aprendizes sujeitos autônomos e capazes de construírem conhecimentos e não de reproduzirem o que outros fizeram.
REFERÊNCIAS
PIAGET, Jean, 1896 - 1980. Epistemologia genética/ Jean Piaget; tradução de Álvaro Cabral; revisão da tradução Wilson Roberto Vaccari - Sao Paulo: Martins Fontes, 2002.
PIAGET, Jean. Psicologia da inteligência./ Jean Piaget; tradução de Nathanael C. Caixeiro - Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
RAPPAPORT, Clara Regina. Psicologia do desenvolvimento / Clara Regina Rappaport; coordenadora Clara Regina Rappaport. - São Paulo:EUP, 1981 - 1982




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