Segundo Erik
Erikson a teoria do desenvolvimento psicossocial prediz
que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao
acaso e depende da interação da pessoa com o meio que a rodeia. Cada estágio é
atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma
vertente negativa. As duas vertentes são necessárias, mas é essencial que se
sobreponha a positiva. A forma como cada crise é ultrapassada
ao longo de todos os estágios irá influenciar a capacidade para se resolverem
conflitos inerentes à vida. Esta teoria concebe o desenvolvimento em 8
estágios, e o quinto estágio se situa no período da adolescência:
Ocorre aproximadamente
durante o primeiro ano de vida (0 - 18 meses). (Oral-Sensorial)
O segundo estágio – autonomia/dúvida e vergonha
Aproximadamente entre os 18 meses e os 3 anos. (Muscular-Anal)
O terceiro estágio – iniciativa/culpa
Aproximadamente entre os 3 e 6 anos (Locomotor-Fálico)
O quarto estágio – indústria (produtividade)/inferioridade
Decorre na idade escolar antes da adolescência (6 - 12 anos) (Latência)
O quinto estágio – identidade/confusão de
identidade
É neste estágio
que se adquire uma identidade psicossocial: o adolescente precisa de entender o
seu papel no mundo e tem consciência da sua singularidade. Há uma recapitulação
e redefinição dos elementos de identidade já adquiridos – esta é a chamada
crise da adolescência. Fatores que contribuem para a confusão da identidade
são: perda de laços familiares e falta de apoio no crescimento; expectativas parentais e
sociais divergentes do grupo de pares; dificuldades em lidar com a mudança;
falta de laços sociais exteriores à família (que permitem o reconhecimento de
outras perspectivas) e o insucesso no
processo de separação emocional entre a criança e as figuras de ligação.
Neste estágio a questão chave é: Quem sou eu?
Virtude social
desenvolvida: fidelidade
Crise da
Adolescência
Momento de
reflexão, "pensa no significado das suas realizações", pode acontecer
de forma diferente para as pessoas; ou ficar em desespero porque a morte estar
próxima, ou o sentimento de dever cumprido. Para que ocorra, são necessárias as
seguintes condições: um certo nível de desenvolvimento intelectual, a
ocorrência da puberdade, um certo crescimento físico e pressões culturais que
levem o adolescente à efetiva ressíntese da sua identidade. Para além das
mudanças físicas já referidas acima, o adolescente adquire também a capacidade
de operações formais e raciocínio abstrato. O pensamento formal constitui a
capacidade de refletir acerca do seu próprio pensamento e do pensamento dos
outros. O raciocínio abstrato permite colocar hipóteses, conceber teorias e
opera com proposições. Muitas vezes um adolescente que precisa ter mais
afetividade e não a encontra em casa, pensa que achará, ou a procura na escola
através dos grupos de amigos, que nem sempre o aceitam sem que haja uma certa
condição, que na maioria das vezes é de mau-caráter e mancha a personalidade da
pessoa, ou até mesmo traz desinteligência com os pais, gerando uma falta de
diálogo, que por sua vez, é essencial no entendimento sobre a vida, um vez que
os pais já vivenciaram mais experiências passadas que os filhos podem estar
vivenciando no futuro a qualquer momento.
Por isso a
importancia do período de moratória,
em que o jovem tem possibilidades de explorar hipóteses e escolher caminhos. É
nesta altura que vários agentes de socialização exercem pressão para o assumir
responsabilidades e para a tomada de decisões, principalmente do foro escolar e
profissional. Erikson considera que a moratória institucionalizada – rituais
sociais para a entrada na idade adulta, como a escola da área profissional no
ensino escolar – facilitam a preparação para a aquisição de papéis na
sociedade. Por outro lado, um contexto social não estruturado pode levar a uma
crise de identidade. Como não é possível separar a crise de identidade
individual com o contexto histórico da sociedade em que se insere o indivíduo,
momentos de crise como guerras, epidemias e revoluções influenciam o
adolescente em larga escala, quanto aos seus valores morais, por exemplo.
Os outros têm um
importante papel na definição da identidade: o jovem vê refletido em seu grupo
de amigos parte da sua identidade e preocupa-se muito com a opinião dos mesmos.
Por vezes, procura amigos com “maneiras de estar” divergentes daquela em que
cresceu, de forma a poder pôr em causa os valores dos pais, testando
possibilidades para construir a sua própria “maneira”. O grupo permite um jogo
de identificações e a partilha de segredos e experiências essenciais para o
desenvolvimento da personalidade.
Segundo Erikson,
o adolescente que adquire a sua identidade é aquele que se torna fiel a uma
coerente interação com a sociedade, a uma ideologia ou profissão, que é também
uma tarefa deste estágio. A fidelidade permite ao indivíduo a devoção a uma
causa – compromisso com certos valores. Também permite confiar em si próprio e
nas outras pessoas, como tal, a interação social é fundamental. A formação de
identidade envolve a criação de um sentido de unicidade: a unidade da
personalidade é sentida por si e reconhecida pelos outros, como tendo uma certa
consistência ao longo do tempo.
Bibliografia
Erikson, E.H.
(1976): Infância e sociedade (2ª ed.). (G. Amado,
Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.
Erikson, E.H.
(1976): Identidade: Juventude e crise (2ª ed.). (A.
Cabral, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.
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completo. Porto Alegre: Artes Médicas.
Noack, J.
(2006): A idéia de identidade sob uma perspectiva
semiótica. GALAXIA, n. 12, v. 6., ISSN 1519-311X
Noack, J.
(2007): Reflexões sobre o acesso empírico da teoria
de Erik H. Erikson. Interação em Psicologia, n. 11, v. 1., ISSN 1516-1854
Rabello, E. e
Passos, J. (200X): Erikson e a teoria
psicossocial do desenvolvimento. Disponível em <http://www.josesilveira.com>
no dia 30 de setembro de 2007.
Desenvolvimento
Psicossocial na Adolescência
-
Uma preocupação central durante a adolescência é a busca de identidade, a qual
possui componentes ocupacionais, sexuais e relativos a valores.
-
Erik Erikson descreveu a crise psicossocial da adolescência como o conflito de
identidade x confusão de identidade. A virtude que deve resultar dessa crise é
a fidelidade.
-
Baseado na teoria de Erikson, podemos descrever quatro estados de identidade
com diferentes combinações de crise e de comprometimento:
1.
Conquista de identidade: crise que leva ao comprometimento.
2.
Pré-fechamento: comprometimento sem crise.
3.
Moratória: crise ainda sem comprometimento.
4.
Difusão de identidade: nenhum comprometimento, nenhuma crise.
- A
etnicidade é parte importante da identidade, especialmente entre adolescentes
minoritários.
- O
desenvolvimento saudável e estável da identidade ocorre através de um lento
processo de diferenciação e de integração.
- A
orientação sexual (heterossexual, homossexual ou bissexual) parece ser
influenciada por uma interação de fatores biológicos e ambientais e pode ser,
pelo menos em parte, genética.
-
As atitudes e os comportamentos sexuais são mais liberais do que no passado.
Existe uma maior aceitação de atividade sexual antes do casamento e de
homossexualidade e tem ocorrido um declínio do duplo padrão.
- A
atividade sexual dos adolescentes envolve riscos de gravidez e de doenças
sexualmente transmissíveis. Os adolescentes em maior risco são os que iniciam a
atividade sexual cedo, possuem múltiplos parceiros, não utilizam preservativos
e são mal-informados sobre sexo.
-
Estudos demonstram que 1 a cada 3 casos de DSTs ocorrem entre adolescentes.
Sendo que as DSTs tendem mais a ocorrer e não serem detectadas nas mulheres do
que nos homens e nos adolescentes do que nos adultos.
- A
gravidez e a criação de filhos na adolescência, muitas vezes, têm conseqüências
negativas sobre a saúde. As mães adolescentes e suas famílias tendem a sofrer
dificuldades financeiras, e as crianças costumam sofrer com uma criação
inadequada.
-
Embora os relacionamentos entre os adolescentes e seus pais nem sempre sejam
tranqüilos, a rebeldia adolescente total não parece comum, e pais e filhos
adolescentes costumam ter valores semelhantes.
-
Os adolescentes passam uma quantidade de tempo cada vez maior com os amigos,
mas os relacionamentos com os pais continuam sendo próximos e influentes.
- O
conflito com os pais tende a ser frequente durante a adolescência inicial e
mais intenso na metade da adolescência. A criação democrática está associada
com resultados mais positivos.
- O
efeito do emprego da mãe sobre o desenvolvimento dos adolescentes depende de
fatores como a afetuosidade da mãe e a satisfação com seu papel, o estresse em
casa e no trabalho e se a mãe trabalha em tempo integral ou em turno parcial.
-
Os efeitos do divórcio e da criação só pelo pai ou pela mãe podem ser menos
graves do que se acreditava e podem depender de circunstâncias individuais. O
estresse econômico afeta os relacionamentos tanto em famílias intactas como nas
constituídas ao de pai e mãe.
-
Os relacionamentos com os irmãos tendem a se tornar mais igualitários e mais
distantes durante a adolescência.
- O
grupo de pares pode ter influência tanto positivas quanto negativas. Os jovens
que são rejeitados pelos amigos tendem a ter mais problemas de adaptação.
-
As amizades, especialmente entre as moças, tornam-se mais íntimas e solidárias
na adolescência.
- A
maioria dos delinquentes juvenis torna-se cumpridora da lei na idade adulta. A delinquência crônica está associada a múltiplos fatores de risco, que incluem a
criação inadequada, o fracasso escolar, a influências dos amigos e a baixa
condição socioeconômica. Os programas que combatem esses fatores de risco em
idade precoce têm tido êxito.
-
Pesquisas interculturais descobriram notáveis pontos em comum na auto-imagem,
nas atitudes e na capacidade de enfrentamento dos adolescentes. Existe menos
regularidade nas áreas psicológica e sexual. Existem diferenças de gênero e de
idade entre as culturas.
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