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sábado, 12 de janeiro de 2019

Teoria do desenvolvimento psicossocial


Segundo Erik Erikson  a teoria do desenvolvimento psicossocial prediz que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso e depende da interação da pessoa com o meio que a rodeia. Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma vertente negativa. As duas vertentes são necessárias, mas é essencial que se sobreponha a positiva. A forma como cada crise é ultrapassada ao longo de todos os estágios irá influenciar a capacidade para se resolverem conflitos inerentes à vida. Esta teoria concebe o desenvolvimento em 8 estágios, e o quinto estágio se situa no período da adolescência:

O primeiro estágio – confiança/desconfiança  
Ocorre aproximadamente durante o primeiro ano de vida (0 - 18 meses). (Oral-Sensorial)
O segundo estágio – autonomia/dúvida e vergonha
Aproximadamente entre os 18 meses e os 3 anos. (Muscular-Anal)
O terceiro estágio – iniciativa/culpa
Aproximadamente entre os 3 e 6 anos (Locomotor-Fálico)
O quarto estágio – indústria (produtividade)/inferioridade
Decorre na idade escolar antes da adolescência (6 - 12 anos) (Latência)

O quinto estágio – identidade/confusão de identidade
Marca o período da Puberdade e adolescência
É neste estágio que se adquire uma identidade psicossocial: o adolescente precisa de entender o seu papel no mundo e tem consciência da sua singularidade. Há uma recapitulação e redefinição dos elementos de identidade já adquiridos – esta é a chamada crise da adolescência. Fatores que contribuem para a confusão da identidade são: perda de laços familiares e falta de apoio no crescimento; expectativas parentais e sociais divergentes do grupo de pares; dificuldades em lidar com a mudança; falta de laços sociais exteriores à família (que permitem o reconhecimento de outras perspectivas) e o insucesso no processo de separação emocional entre a criança e as figuras de ligação. Neste estágio a questão chave é: Quem sou eu?
Virtude social desenvolvida: fidelidade

Crise da Adolescência
Momento de reflexão, "pensa no significado das suas realizações", pode acontecer de forma diferente para as pessoas; ou ficar em desespero porque a morte estar próxima, ou o sentimento de dever cumprido. Para que ocorra, são necessárias as seguintes condições: um certo nível de desenvolvimento intelectual, a ocorrência da puberdade, um certo crescimento físico e pressões culturais que levem o adolescente à efetiva ressíntese da sua identidade. Para além das mudanças físicas já referidas acima, o adolescente adquire também a capacidade de operações formais e raciocínio abstrato. O pensamento formal constitui a capacidade de refletir acerca do seu próprio pensamento e do pensamento dos outros. O raciocínio abstrato permite colocar hipóteses, conceber teorias e opera com proposições. Muitas vezes um adolescente que precisa ter mais afetividade e não a encontra em casa, pensa que achará, ou a procura na escola através dos grupos de amigos, que nem sempre o aceitam sem que haja uma certa condição, que na maioria das vezes é de mau-caráter e mancha a personalidade da pessoa, ou até mesmo traz desinteligência com os pais, gerando uma falta de diálogo, que por sua vez, é essencial no entendimento sobre a vida, um vez que os pais já vivenciaram mais experiências passadas que os filhos podem estar vivenciando no futuro a qualquer momento.
Por isso a importancia do período de moratória, em que o jovem tem possibilidades de explorar hipóteses e escolher caminhos. É nesta altura que vários agentes de socialização exercem pressão para o assumir responsabilidades e para a tomada de decisões, principalmente do foro escolar e profissional. Erikson considera que a moratória institucionalizada – rituais sociais para a entrada na idade adulta, como a escola da área profissional no ensino escolar – facilitam a preparação para a aquisição de papéis na sociedade. Por outro lado, um contexto social não estruturado pode levar a uma crise de identidade. Como não é possível separar a crise de identidade individual com o contexto histórico da sociedade em que se insere o indivíduo, momentos de crise como guerras, epidemias e revoluções influenciam o adolescente em larga escala, quanto aos seus valores morais, por exemplo.
Os outros têm um importante papel na definição da identidade: o jovem vê refletido em seu grupo de amigos parte da sua identidade e preocupa-se muito com a opinião dos mesmos. Por vezes, procura amigos com “maneiras de estar” divergentes daquela em que cresceu, de forma a poder pôr em causa os valores dos pais, testando possibilidades para construir a sua própria “maneira”. O grupo permite um jogo de identificações e a partilha de segredos e experiências essenciais para o desenvolvimento da personalidade.
Segundo Erikson, o adolescente que adquire a sua identidade é aquele que se torna fiel a uma coerente interação com a sociedade, a uma ideologia ou profissão, que é também uma tarefa deste estágio. A fidelidade permite ao indivíduo a devoção a uma causa – compromisso com certos valores. Também permite confiar em si próprio e nas outras pessoas, como tal, a interação social é fundamental. A formação de identidade envolve a criação de um sentido de unicidade: a unidade da personalidade é sentida por si e reconhecida pelos outros, como tendo uma certa consistência ao longo do tempo.

Bibliografia
Erikson, E.H. (1976): Infância e sociedade (2ª ed.). (G. Amado, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.
Erikson, E.H. (1976): Identidade: Juventude e crise (2ª ed.). (A. Cabral, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.
Erikson, E. H. e Erikson, J.(1998): O ciclo da vida completo. Porto Alegre: Artes Médicas.
Noack, J. (2006): A idéia de identidade sob uma perspectiva semiótica. GALAXIA, n. 12, v. 6., ISSN 1519-311X
Noack, J. (2007): Reflexões sobre o acesso empírico da teoria de Erik H. Erikson. Interação em Psicologia, n. 11, v. 1., ISSN 1516-1854
Rabello, E. e Passos, J. (200X): Erikson e a teoria psicossocial do desenvolvimento. Disponível em <http://www.josesilveira.com> no dia 30 de setembro de 2007.

Desenvolvimento Psicossocial na Adolescência

- Uma preocupação central durante a adolescência é a busca de identidade, a qual possui componentes ocupacionais, sexuais e relativos a valores.
- Erik Erikson descreveu a crise psicossocial da adolescência como o conflito de identidade x confusão de identidade. A virtude que deve resultar dessa crise é a fidelidade.
- Baseado na teoria de Erikson, podemos descrever quatro estados de identidade com diferentes combinações de crise e de comprometimento:
1. Conquista de identidade: crise que leva ao comprometimento.
2. Pré-fechamento: comprometimento sem crise.
3. Moratória: crise ainda sem comprometimento.
4. Difusão de identidade: nenhum comprometimento, nenhuma crise.
- A etnicidade é parte importante da identidade, especialmente entre adolescentes minoritários.
- O desenvolvimento saudável e estável da identidade ocorre através de um lento processo de diferenciação e de integração.
- A orientação sexual (heterossexual, homossexual ou bissexual) parece ser influenciada por uma interação de fatores biológicos e ambientais e pode ser, pelo menos em parte, genética.
- As atitudes e os comportamentos sexuais são mais liberais do que no passado. Existe uma maior aceitação de atividade sexual antes do casamento e de homossexualidade e tem ocorrido um declínio do duplo padrão.
- A atividade sexual dos adolescentes envolve riscos de gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis. Os adolescentes em maior risco são os que iniciam a atividade sexual cedo, possuem múltiplos parceiros, não utilizam preservativos e são mal-informados sobre sexo.
- Estudos demonstram que 1 a cada 3 casos de DSTs ocorrem entre adolescentes. Sendo que as DSTs tendem mais a ocorrer e não serem detectadas nas mulheres do que nos homens e nos adolescentes do que nos adultos.
- A gravidez e a criação de filhos na adolescência, muitas vezes, têm conseqüências negativas sobre a saúde. As mães adolescentes e suas famílias tendem a sofrer dificuldades financeiras, e as crianças costumam sofrer com uma criação inadequada.
- Embora os relacionamentos entre os adolescentes e seus pais nem sempre sejam tranqüilos, a rebeldia adolescente total não parece comum, e pais e filhos adolescentes costumam ter valores semelhantes.
- Os adolescentes passam uma quantidade de tempo cada vez maior com os amigos, mas os relacionamentos com os pais continuam sendo próximos e influentes.
- O conflito com os pais tende a ser frequente durante a adolescência inicial e mais intenso na metade da adolescência. A criação democrática está associada com resultados mais positivos.
- O efeito do emprego da mãe sobre o desenvolvimento dos adolescentes depende de fatores como a afetuosidade da mãe e a satisfação com seu papel, o estresse em casa e no trabalho e se a mãe trabalha em tempo integral ou em turno parcial.
- Os efeitos do divórcio e da criação só pelo pai ou pela mãe podem ser menos graves do que se acreditava e podem depender de circunstâncias individuais. O estresse econômico afeta os relacionamentos tanto em famílias intactas como nas constituídas ao de pai e mãe.
- Os relacionamentos com os irmãos tendem a se tornar mais igualitários e mais distantes durante a adolescência.
- O grupo de pares pode ter influência tanto positivas quanto negativas. Os jovens que são rejeitados pelos amigos tendem a ter mais problemas de adaptação.
- As amizades, especialmente entre as moças, tornam-se mais íntimas e solidárias na adolescência.
- A maioria dos delinquentes juvenis torna-se cumpridora da lei na idade adulta. A delinquência crônica está associada a múltiplos fatores de risco, que incluem a criação inadequada, o fracasso escolar, a influências dos amigos e a baixa condição socioeconômica. Os programas que combatem esses fatores de risco em idade precoce têm tido êxito.
- Pesquisas interculturais descobriram notáveis pontos em comum na auto-imagem, nas atitudes e na capacidade de enfrentamento dos adolescentes. Existe menos regularidade nas áreas psicológica e sexual. Existem diferenças de gênero e de idade entre as culturas.



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