Linha Construtivista
Inspirado nas ideias do suíço Jean Piaget (1896- 1980), o método procura
instigar a curiosidade, já que o aluno é levado a encontrar as respostas a
partir de seus próprios conhecimentos e de sua interação com a realidade e com
os colegas.
Uma aluna de Piaget, Emília Ferrero, ampliou a
teoria para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança pode se
alfabetizar sozinha, desde que esteja em ambiente que estimule o contato com
letras e textos.
O construtivismo propõe que o aluno participe
ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em
grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros
procedimentos. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos
objetos e construindo as características do mundo.
Noções como proporção, quantidade, causalidade,
volume e outras, surgem da própria interação da criança com o meio em que vive.
Vão sendo formados esquemas que lhe permitem agir sobre a realidade de um modo
muito mais complexo do que podia fazer com seus reflexos iniciais, e sua
conduta vai enriquecendo-se constantemente. Assim, constrói um mundo de objetos
e de pessoas onde começa a ser capaz de fazer antecipações sobre o que irá
acontecer.
O método enfatiza a importância do erro não como um
tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. A teoria condena a
rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização
de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno.
As disciplinas estão voltadas para a reflexão e auto avaliação, portanto a escola não é considerada rígida.
As disciplinas estão voltadas para a reflexão e auto avaliação, portanto a escola não é considerada rígida.
Existem várias escolas utilizando este método. Mais
do que uma linha pedagógica, o construtivismo é uma teoria psicológica que
busca explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do individuo no
decorrer de sua vida.
ALFABETIZAÇÃO/CONSTRUTIVISTA
Ao invés da clássica pergunta: como se deve ensinar a escrever, Emília Ferreiro perguntou como alguém aprende a ler e escrever independente do ensino.
Ao invés da clássica pergunta: como se deve ensinar a escrever, Emília Ferreiro perguntou como alguém aprende a ler e escrever independente do ensino.
O
aluno como sujeito
As
teorias desenvolvidas por Emília Ferreiro e seus colaboradores deixam de
fundamentar-se em concepções mecanicistas sobre o processo de alfabetização,
para seguir os pressupostos construtivistas/interacionistas de Vygotsky e
Piaget. Do ato de ensinar, o processo desloca-se para o ato de aprender por
meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo educando, que passa
a ser visto como um agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que
lhe é "ensinado". Na perspectiva dos trabalhos desenvolvidos por
Ferreiro, os conceitos de prontidão, imaturidade, habilidades motoras e
perceptuais, deixam de ter sentido isoladamente como costumam ser trabalhados pelos
professores. Estimular aspectos motores, cognitivos e afetivos, são
importantes, mas, vinculados ao contexto da realidade sociocultural dos
alunos(letramento). Para Ferreiro, "hoje a perspectiva construtivista
considera a interação de todos eles, numa visão política, integral, para
explicar a aprendizagem". O problema que tanto atormenta os professores,
que é o dos diferentes níveis em que normalmente os alunos se encontram e vão
se desenvolvendo durante o processo de alfabetização, assume importante papel,
já que a interação entre eles é fator de suma importância para o
desenvolvimento do processo.
Níveis estruturais da linguagem escrita.
A
criança elabora hipóteses sobre a escrita. Os níveis estruturais da linguagem
escrita podem explicar as diferenças individuais e os diferentes ritmos dos
alunos. Segundo Emilia Ferreiro são:
1) Nível Pré-Silábico- não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança tenta nesse nível:
Diferenciar
entre desenho e escrita
Utilizar
no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras
Reproduzir
os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas
(imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas
hipóteses de escrita
Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
Atividades que podem ajudar a avançar dessa fase:
Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
Atividades que podem ajudar a avançar dessa fase:
-
Mostrar onde se lê. Como nos portadores de texto, passe a mão para fazer a
leitura. Peça que eles façam a pseudoleitura. Não deixem em momento algum de
fazer o trabalho de base alfabética.
- Deem fichas do nome, bingo de nomes, de letras.
- Deem fichas do nome, bingo de nomes, de letras.
- Leve jornal,
revistas para a sala, monte o cantinho da leitura.
- Sempre que
possível peça para a criança escrever o que ele desenhou escrever o nome para
identificar a sua “obra”.
- Dar giz para
escreverem o nome, a parlenda, o nome da brincadeira.
- Fazer muitas
listas.
2) Nível Silábico- pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:
Silábico- a
criança compreende que a diferença na representação escrita está relacionada
com o “som” das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma
de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória,
usando apenas consoante, ora apenas vogal, ora letras inventadas e repetindo-as
de acordo com o número de sílabas das palavras.
Silábico-
Alfabético- convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica
e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou
fonética.
- Continuem com o
cantinho da leitura, com os portadores de texto: parlenda, embalagens e
rótulos, livros de história, listas, etc. Deixem que visualizem bastante
escritas. Façam jogos e atividades onde a criança desestabilize suas hipóteses,
como: escrever a palavra deixando as lacunas para preencher ora com vogais, ora
com consoantes. Faça reconto, reescritas e produção de texto. Dê letras móveis,
faça bastantes jogos e espere que o grupo vai crescer.
Para a alfabetização ter sentido, ser um
processo interativo, a escola tem que trabalhar com o contexto da criança
(letramento), com histórias e com intervenções das próprias crianças que podem
aglutinar, contrair, "engolir" palavras, desde que essas palavras ou
histórias façam algum sentido para elas. Os "erros" das crianças
podem ser trabalhados. Ao contrário do que a maioria das escolas pensam, esses
"erros" demonstram uma construção, e com o tempo vão diminuindo, pois
as crianças começam a se preocupar com outras coisas (como ortografia) que não
se preocupavam antes, pois estavam apenas descobrindo a escrita. Errar faz
parte do processo de construção, mas o que o professor não pode deixar
acontecer é que a criança passe por ele sem repensar sua atuação, para isso ele
deve fazer intervenções inteligentes que coloque seu aluno para reestruturar
suas ideias.
A criança é um ser
pensante que tem suas lógicas.
A escola tem que
entender a interpretação das crianças sobre a escrita
Analisar que
representações sobre a escrita que o estudante tem é importante para o professor
saber como agir. Não é porque o aluno participa de forma direta da construção
do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-lo. Ou seja, cabe ao
professor organizar atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a
escrita, porque é pensando que ela aprende. Apesar de ter proporcionado aos
educadores uma nova maneira de analisar a aprendizagem da língua escrita, o
trabalho da pesquisadora argentina não dá indicações de como produzir ensino.
Definitivamente, não existe o "método Emília Ferreiro", com passos
predeterminados, como muitos ainda possam pensar. Os professores têm à
disposição uma metodologia de ensino da língua escrita coerente com as mudanças
apontadas pela psicolinguista, produzida por educadores de vários países. Essa
metodologia é estruturada em torno de princípios que organizam a prática do
professor. O fato de a criança aprender a ler e escrever lendo e escrevendo,
mesmo sem saber fazer isso (pseudoleitura), é um desses princípios. Nas escolas
verdadeiramente construtivistas, os alunos se alfabetizam participando de
práticas sociais de leitura e de escrita (letramento). A referência de texto
para eles não é mais uma cartilha, com frases sem sentido.
"... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa" (Emília Ferreiro) Achamos oportuno lembrar que o construtivismo não é um método de ensino. Construtivismo se refere ao processo de aprendizagem, que coloca o sujeito da aprendizagem como alguém que conhece e que o conhecimento é algo que se constrói pela ação deste sujeito. Nesse processo de aprendizagem o ambiente também exerce seu papel, pois, o sujeito que conhece faz parte de um determinado ambiente cultural.
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